O Catador de Papel

Meu quarto livro, O catador de papel, também é digno de um comentário à parte. Vou contar como foi que eu o escrevi.
Capa do livro O Catador de Papel da primeira edição.
Uma noite, acordei com vontade de tomar água. Levantei, desci a escada do sobrado em que eu morava e fui até a cozinha. Enquanto eu bebia a água, veio-me a vontade de escrever. Peguei minha lapiseira cor de laranja, umas folhas de papel sulfite e pus-me a escrever, ali mesmo na mesa da cozinha, uma mesa redonda de fórmica branca. O tique taque do relógio pendurado na parede da cozinha começou me incomodar. Olhei para ele e vi que eram duas horas da manhã.  Quando achei que havia terminado, o relógio já marcava quatro horas. Fui dormir novamente.
Quando acordei, não sabendo se eu havia escrito de verdade ou se havia sonhado, ainda de pijama desci até a cozinha. Para minha surpresa vi que sobre a mesa havia várias folhas escritas e três ou quatro amassadas e meio copo d' água. Observando melhor aquelas folhas, vi que a letra era minha, mas o que estava escrito eu não sabia. Curioso, comecei a ler. No final meus olhos marejavam. Era a história do catador de papel.
Teria sido um presente pelo carinho e admiração que eu tinha por três jovens catadores de papel com os quais eu fizera amizade?

Camiseta feita de PET

Numa reunião com catadores de materiais recicláveis, no SESC Itaquera, ganhei de uma catadora uma camiseta feita com garrafas pet. A garrafa pet derretida é transformada em fio, este em tecido e finalmente em roupa.
Eu havia colocado no livro O catador de papel, que era muito custoso para o catador puxar um carrinho cheio ladeira acima. Foi quando a catadora me alertou que ladeira abaixo era mais difícil ainda o que me fez alterar o texto.
Exemplo feito pela RECIKLE de como são feitas as camisetas de PÈT.

Teatro e filme com o livro O Catador de Papel

Já estive em dezenas de escolas para assistir o teatro com o livro O catador de papel. Inclusive o Hospital do Servidor Público de São Paulo, fez teatro com esse livro com médicas e enfermeiras fazendo papel de meninos de rua e doentes em macas assistindo a peça.
Uma vez fiz uma palestra numa escola sobre o livro tendo ao meu lado um catador de papel. Outra vez, em Pato Branco, Paraná, assistindo a peça, estavam alguns catadores de papel ocupando a primeira fileira de poltronas.
Num DVD tenho guardado vídeos e fotos das muitas escolas que fizeram teatro com o livro O catador de papel. Sem dúvida alguma é o meu best-seller.
Em 2019, alunos do quinto ano de uma escola em Araraquara, o Externato Santa Terezinha, fizeram um filme com o livro que por sorte tive o prazer de assistir.