A Despedida: 10 de Setembro de 1953
Talvez por ser coroinha e ter maior proximidade com os padres, com 11 anos eu e mais oito meninos (Maury Félix, Adalberto Denadai, José Irineu Lanssoni, Moacyr Alves, Wilson Antonelli, Flávio Rondelli, João Lopes, e Sérgio Melosi), também coroinhas, fomos convidados a estudar no seminário salesiano situado em Lavrinhas, pequena cidade do Vale do Paraíba, estado de São Paulo. Chorosos despedimos de nossos pais. Em casa, eu havia deixado meu irmãozinho Zezinho de seis anos chorando debaixo da cama. Nem pude me despedir dele. Também não me despedi dos meus irmãos maiores porque estavam trabalhando. O barbeiro (cabeleireiro) onde cortei o cabelo pela última vez antes de viajar, me assustou dizendo que pra ser padre teria que cortar o bilau. Por sorte descobri que era pura mentira. Meus pais também choraram muito. Na verdade a gente nem sabia o que estava fazendo. Éramos muito pequenos pra entender o que realmente estava acontecendo.
Em dois carros, Padre Osvaldo de Andrade, o clérigo Fernando Legal (que ficou em São Paulo e que hoje é Bispo emérito de São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo) e os senhores Erick Mathiensen e Niels Jensem, iniciamos viagem rumo a um futuro que marcaria para sempre nossas vidas. Era uma quinta-feira. Depois de várias horas de viagem chegamos em Lavrinhas. No momento os alunos estavam ensaiando marcha. Juntamo-nos aos mais de 200 alunos que como nós, ali foi parar. A partir daquele momento passávamos a fazer parte de uma nova e grande família, a família salesiana. Passávamos a admirar Dom Bosco e Maria Auxiliadora e tê-los como segundo pai e segunda mãe.
Grupo dos nove meninos que foram para Lavrinhas.
Depois que eu já estava em Lavrinhas, meu pai comprou um terreno no Jardim São Paulo com a venda de uma máquina de costura Singer que era da minha mãe e que ele tinha comprado da Dona Isa Gobbo. Depois com um empréstimo do senhor Germano Pavan construiu uma casa onde viveu até morrer e que hoje não existe mais.